Um estudo inovador realizado ao longo dos últimos três anos e meio por investigadoras CE3C na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, com a colaboração de instituições internacionais, revela novas informações sobre a distrofia muscular congénita Tipo 1A (MDC1A), também designada como distrofia muscular relacionada com LAMA2 (LAMA2-CMD), uma doença rara e grave que afeta os músculos e pode ser fatal.
A LAMA2-CMD é causada por alterações no gene LAMA2, responsável pela produção de laminina-α2, uma proteína essencial para a estrutura e funcionamento dos músculos. Através de estudos com modelos de ratinho para a doença, esta equipa identificou como as células do músculo com alterações nesta proteína enfrentam dificuldades em crescer, desenvolver-se e fundir-se corretamente.
Estes são processos essenciais para a formação muscular, tanto no desenvolvimento embrionário como numa recuperação após a existência de lesões musculares.
Além disso, os investigadores observaram ainda que as células afetadas apresentam danos no ADN, stress oxidativo e disfunções nas mitocôndrias – as ‘fontes de energia’ das células. Estas descobertas representam um avanço significativo na compreensão dos mecanismos que levam ao surgimento desta doença.
Os resultados deste estudo são agora detalhados no artigo científico publicado na revista Life Science Alliance. O artigo explora de forma aprofundada os mecanismos que levam ao desenvolvimento da LAMA2-CMD, o que poderá ajudar no avanço significativo do conhecimento nesta área, identificando novos alvos para potenciais terapias. Para a comunidade científica, trata-se de um passo fundamental para o desenvolvimento de tratamentos que possam, no futuro, ajudar os pacientes que sofrem desta doença rara.
Apesar de ser uma doença rara, com uma incidência de 10 a 14 casos por milhão de habitantes na Europa, a LAMA2-CMD tem um impacto muito devastador nas famílias afetadas. Embora o estudo não traga uma cura imediata, proporciona uma nova compreensão dos processos biológicos envolvidos, o que poderá, no futuro, abrir portas para o desenvolvimento de novas terapias, nomeadamente no campo da terapia génica.
A equipa está agora focada em duas frentes de investigação: o estudo de células musculares obtidas de pacientes para verificar se os processos observados podem ser revertidos em células humanas, e a exploração de estratégias de terapia genética que possam, um dia, corrigir as alterações no gene LAMA2 e curar a doença.
Estamos otimistas de que os resultados alcançados poderão, no futuro, contribuir para novas terapias, oferecendo esperança para as famílias que lidam com esta doença incapacitante.
O estudo contou ainda com a colaboração de outros grupos de CIÊNCIAS ULisboa, da Universidade de Nápoles, em Itália, e do Jacqui Wood Cancer Center, na Universidade de Dundee, Escócia.
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