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O degelo e o recuo dos glaciares são hoje imagens omnipresentes na consciência coletiva da sociedade quando se fala em alterações climáticas. A taxa a que estão a desaparecer é há décadas exacerbada pelo efeito da ação humana sobre o clima, deixando para trás depósitos glaciares formados pelas cicatrizes nas rochas que outrora suportavam densas camadas de gelo, e pelo produto da sua erosão ao longo do tempo. O estudo das componentes geológicas e biológicas destes depósitos permite reconstruir o seu passado gélido e prever o seu cálido futuro.

Sob o título Modeling ecological succession and time of surface exposure in extreme environments (modelação da sucessão ecológica e do tempo de exposição superficial em ambientes extremos), Mariana Ramos apresenta um projeto centrado no impacto das alterações climáticas nas comunidades criptogâmicas (fungos, líquenes e musgos) residentes em depósitos glaciares. O trabalho de campo nos vales glaciares das Serras da Estrela e do Gerês, em Portugal, da Serra de Gredos e dos Pirinéus do lado espanhol, irá permitir à doutoranda sobrepor as características geográficas e as espécies presentes em cada local para estimar há quanto tempo o degelo dos glaciares deixou a superfície da rocha nua, pronta a colonizar pelas comunidades de líquenes e musgos. Entre os vários resultados esperados, Mariana conta que a compreensão dos processos de sucessão ecológica – a progressiva substituição de umas espécies por outras num determinado habitat, rumo a um estado de clímax ou de estabilidade – nestas condições ajudem a refinar as cronologias glaciares da Península Ibérica e a antever os efeitos das alterações climáticas na biodiversidade criptogâmica em regiões alpinas.

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