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Mariana Ramos, Júlio Laia e João Jacinto são os proponentes dos projetos eleitos pela comunidade CE3C na quarta edição da iniciativa. Vamos conhecer os seus projetos:

Vale Glaciar do Zêzere, Serra da Estrela

Mariana Ramos

Programa doutoral em Biodiversidade, Genética e Evolução – BIODIV
Grupo de investigação em Ecologia das Alterações Ambientais

O degelo e o recuo dos glaciares são hoje imagens omnipresentes na consciência coletiva da sociedade quando se fala em alterações climáticas. A taxa a que estão a desaparecer é há décadas exacerbada pelo efeito da ação humana sobre o clima, deixando para trás depósitos glaciares formados pelas cicatrizes nas rochas que outrora suportavam densas camadas de gelo, e pelo produto da sua erosão ao longo do tempo. O estudo das componentes geológicas e biológicas destes depósitos permite reconstruir o seu passado gélido e prever o seu cálido futuro.

Sob o título Modeling ecological succession and time of surface exposure in extreme environments (modelação da sucessão ecológica e do tempo de exposição superficial em ambientes extremos), Mariana Ramos apresenta um projeto centrado no impacto das alterações climáticas nas comunidades criptogâmicas (fungos, líquenes e musgos) residentes em depósitos glaciares. O trabalho de campo nos vales glaciares das Serras da Estrela e do Gerês, em Portugal, da Serra de Gredos e dos Pirinéus do lado espanhol, irá permitir à doutoranda sobrepor as características geográficas e as espécies presentes em cada local para estimar há quanto tempo o degelo dos glaciares deixou a superfície da rocha nua, pronta a colonizar pelas comunidades de líquenes e musgos. Entre os vários resultados esperados, Mariana conta que a compreensão dos processos de sucessão ecológica – a progressiva substituição de umas espécies por outras num determinado habitat, rumo a um estado de clímax ou de estabilidade – nestas condições ajudem a refinar as cronologias glaciares da Península Ibérica e a antever os efeitos das alterações climáticas na biodiversidade criptogâmica em regiões alpinas.

Espécie de planta aromática do género Thymus

Júlio Laia

Programa doutoral em Biodiversidade, Genética e Evolução – BIODIV
Grupo de investigação em Stress Ambiental e Ecologia Funcional

Além de lhes garantir um reconhecível odor, os compostos voláteis segregados pelas plantas aromáticas são vitais para a sobrevivência, funcionado como antioxidantes e emissários para a comunicação com outros agentes bióticos. As propriedades dos compostos voláteis têm sido amplamente estudadas e utilizadas para vários fins, como a gastronomia, a perfumaria e até na medicina, graças aos seus efeitos antimicrobianos e antidepressivos, entre outros.

O nativo alecrim-da-serra (Thymus caespititius) segrega compostos denominados por terpenóides, com uma curiosa variação geográfica: embora no continente e na Madeira apresente apenas um tipo de terpenóide (quimiotipo), nos Açores as suas populações produzem uma grande diversidade deste composto (vários quimiotipos). Mas… porquê?

É esta questão que Júlio Laia procurará responder no seu projeto Adaptive divergence in chemotypes of the Portuguese native aromatic plant Thymus caespititius (Lamiaceae): genetic basis of polymorphism and diversification (divergência adaptativa em quimiotipos da planta aromática nativa portuguesa Thymus caespititius (Lamiaceae): base genética do polimorfismo e diversificação). Como as condições do solo e do clima parecem não explicar esta variação, o doutorando irá agora concentrar-se na diversidade genómica da espécie para descobrir a origem da riqueza de quimiotipos do alecrim-da-serra, e robustecer os protocolos laboratoriais associados a este domínio de investigação.

Camarinha (Corema album). Fotografia de Ana Júlia Pereira.

João Jacinto

Programa doutoral em Biodiversidade, Genética e Evolução – BIODIV
Grupo de investigação em Stress Ambiental e Ecologia Funcional

A adaptação da agricultura às progressivamente limitativas condições climáticas é vital para a continuidade da atividade e para a resposta à crise alimentar. O desenvolvimento de novas culturas mais adaptadas a condições de escassez de água, stress hídrico e solos depauperados é, por isso, uma estratégia importante a equacionar.

A endémica camarinha (Corema album) sobrevive precisamente nestas condições. Encontrada ao longo das dunas do litoral oeste e sul de Portugal e Espanha, esta espécie de planta é reconhecida pelos seus característicos frutos brancos, que já conquistaram a designação de “pérolas do Atlântico”. O sabor fresco destas pérolas esconde um conteúdo rico em antioxidantes capaz de gerar igualmente interesse comercial.

O doutoramento de João Jacinto foca-se neste potencial da camarinha em tornar-se uma cultura capaz de ser valorizada em várias frentes. Através do projeto vencedor Sowing the seeds of resilience: transforming the white crowberry into a thriving crop (Semear as sementes da resiliência: transformar a camarinha numa cultura próspera) que apresentou ao orçamento participativo CE3C 2024, procurará desenvolver soluções para o difícil cultivo da camarinha, caracterizado por baixas taxas de germinação e sobrevivência. Para tal, irá testar diferentes técnicas de propagação in vitro e estudar a influência da simbiose com fungos micorrízicos no sucesso de germinação e desenvolvimento das sementes.

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